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Oliver Sacks: quais são suas contribuições e como o vemos no Brasil?

Oliver Wolf Sacks nasceu no dia 9 de Julho de 1933, em Cricklewood, Londres. Foi o mais novo de quatro irmãos. Seu pai, Samuel Sacks, era médico, e sua mãe, Muriel Elsie Lan-dau, foi uma das primeiras cirurgiãs da Inglaterra. Graduou-se em Medicina em 1958, no Queens College, Oxford. No dia do seu aniversário de 27 anos deixou a Grã-Bretanha e foi para o Canadá, onde tentou ser pesquisador médico ou piloto, mas ambas iniciativas não deram certo. Então, no início dos anos 60, mudou-se para os Estados Unidos, onde foi interno no Mount Zion Hospital em São Francisco, e completou sua residência em Neurologia e Neuropatologia na Universidade da Califórnia, Los Angeles (UCLA). Em um artigo para New Yorker, em 2012, contou sobre esta fase em Los Angeles, quando competia como halterofilista, era membro dos “Hell Angels”, e utilizava drogas. Conta também como, um dia, desistiu disso – drogas, sexo, motocicletas e halterofilismo.

Mudou-se para Nova York em 1965, onde atuou como fellowship no Albert Einstein College of Medicine e, um ano depois, iniciou sua carreira como neurologista consultor no Hospital Beth Abraham, de pacientes crônicos, no Bronx.

“Dr. Sacks foi médico, professor de Neurologia, naturalista e historiador, mas sem dúvida ficou mais conhecido como autor de relatos de casos reais e curiosos, onde, utilizando como ninguém, uma linguagem acessível, tanto para os leitores da área médica, quanto para o público em geral, ressalta os aspectos humanos de pacientes sofredores de doenças complexas”, conta Péricles de Andrade Maranhão-Filho, PhD, membro titular emérito e secretário do Departamento Científico de História da Neurologia da ABN.

Já para Ylmar Corrêa Neto, docente na Universidade Federal de Santa Catarina e coordenador do Departamento Científico de História da Neurologia da ABN, a essencialidade do londrino Oliver Wolf Sacks na neurologia se concentra na divulgação científica e no combate à neurofobia. “Seus livros, que mesclam casos clínicos, história da medicina, autobiografia e dados científicos, de uma forma elegante e prazerosa, facilitam a compreensão de entidades tão diversas como enxaqueca, doença de Parkinson e várias síndromes cognitivas raras”, relata.

Embora fosse residente nos EUA, nunca se tornou cidadão americano. Dizia que gostava da expressão: “residente estrangeiro”. Dr. Sacks foi um profícuo correspondente de cartas manuscritas e nunca se comunicou por e-mail. Recebia mais de 1.000 cartas por ano, e certa vez afirmou para a People Magazine que gostava de descobrir o potencial em pessoas que se consideravam sem nenhum potencial.

HISTÓRICO DE OBRAS

Sacks escreveu de modo magistral sobre: migraine, seu primeiro livro publicado (1970), demência e agnosia visual (1985), surdez (1989), autismo e a doença dos tiques (1995), daltonismo (1997), musicophilia – os efeitos da música sobre o funcionamento do cérebro

(2007), alucinações (2012), e sobre diversos outros aspectos de condições neurológicas e neuropsiquiátricas.

Seu livro Awakenings (1973), que obteve enorme repercussão internacional, relata a história do que ocorreu com os pacientes acinéticos, como estátuas humanas, internados no Hospital Beth Abraham – vítimas da pandemia de encefalite letárgica, que assolou o mundo, de 1916 a 1927 – tratados por ele com a levodopa. Esse livro inspirou uma peça, dois filmes – um deles, Awakenings (Tempo de despertar), indicado ao Oscar (1990) -, além de um balé e uma ópera.

O filme Tempo de Despertar é utilizado em várias aulas para ilustrar o ensino, não só dos primórdios do uso da levodopa, para relembrar a encefalite letárgica, como também na demonstração da fenomenologia de diversos distúrbios hipercinéticos.

Outro livro, The Man Who Mistook his Wife for a Hat and Other Clinical Tales (1985), compreende 24 ensaios com aspectos particulares de diversas funções do cérebro, e gerou uma ópera de câmara, premiada. “Só nos EUA foram impressas mais de um milhão de cópias dos seus livros, e os mesmos foram traduzidos em mais de 25 idiomas”, destaca Péricles Maranhão-Filho.

Foi homenageado com diversas honrarias, incluindo prêmios de Funda-ções, Academias e Universidades. Em 2008, o planeta 84928 foi nomeado em sua honra! Pouco antes de falecer – o melanoma ocular, o qual já havia tratado, gerou metástase hepática – criou a Oliver Sacks Foundation, organização sem fins lucrativos, voltada para o estudo e entendimento do cérebro e da mente humana, e trabalhando para reduzir o estigma da doença neurológica e mental.

Misto de clínico e cientista, com notáveis qualidades literárias, Oliver Wolf

Sacks contribuiu na divulgação da especialidade para futuros neurologistas e divertiu com sua prosa aprazível. Faleceu na manhã do dia 30 de agosto de 2015, em sua casa, em Greenwich Village, Nova York, aos 82 anos de idade, cercado por amigos e familiares. Ele nos deixou diversos legados, sendo o principal deles, o de sempre nos lembrarmos da existência do lado humano da medicina.

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