Com milhões de casos documentados em todo o mundo, a pandemia da doença causada pelo coronavírus 2019 (COVID-19) deixou um impacto global sem precedentes. Apesar da maioria dos indivíduos apresentarem sintomas leves ou mesmo serem assintomáticos, quadros respiratórios graves podem ocorrer em aproximadamente 5% a 15% dos casos levando a internação hospitalar e necessidade de suporte em terapia intensiva (ventilação mecânica, hemodiálise).
Após a recuperação dos primeiros casos de infecção, estudos demonstraram que os indivíduos que foram infectados pelo vírus podem apresentar complicações pós- virais crônicas semelhantes às observadas em pandemias anteriores, como na síndrome respiratória aguda grave (SARS) e na síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS). Estes sintomas pos-covid, Inicialmente descritos como “COVID de longa duracão’ Ou “COVID longa” hoje são referidos como “sequelas pós-aguda da infecção por SARS-CoV-2”. Nos diversos estudos realizados, os sintomas mais comuns foram fadiga, dispneia, alterações cognitivas (perda de memória, dificuldade de concentração), distúrbios do sono, sintomas gastrointestinais, ansiedade e depressão.
Nesse contexto, médicos e cientistas buscam cada vez mais compreender de que forma o vírus pode afetar o sistema neurológico e quais as principais características dos pacientes afetados. De acordo com o neurologista da Rede Sarah e diretor da Regional Centro-Oeste, Dr. Eduardo Uchôa, as complicações neurológicas são comuns em pacientes internados, com formas mais graves. No entanto, pacientes assintomáticos ou com sintomas leves também podem vir a apresentar sintomas pós-virais. As taxas variam de acordo com as diversas séries publicadas na literatura
Uma pesquisa realizada com infectados de Wuhan, China, apontou que mais de 45% dos pacientes com diagnóstico de Covid-19 tiveram sintomas neurológicos que envolviam tanto o sistema nervoso central (SNC), com quadros de anosmia, alterações do estado mental, acidente vascular cerebral e convulsões, quando o sistema nervoso periférico
(SNP), com envolvimento muscular (miopatias) e neuropatias periféricas (síndrome de Guillain Barré, polineuropatia do paciente crítico e plexopatia braquial).
Ainda de acordo com o Dr. Eduardo Uchôa. os mecanismos subjacentes das complicações neurológicas em pacientes com COVID-19 são diversos e, em alguns casos, multifatoriais, envolvendo lesão neurológica por disfunção sistêmica, alterações do sistema renina-angiotensina, disfunção da imunidade e invasão direta do sistema nervoso pelo vírus.
“Pacientes com sintomas persistentes após infecção pela COVID-19 devem procurar seu médico ou buscar ajuda em unidades de saúde que ofereçam atendimento neurológico especializado” finaliza o neurologista