O Congresso Brasileiro de Neurologia 2022 está marcado para Fortaleza, Ceará de 21 a 24 de setembro. Promovido pela Academia Brasileira de Neurologia (ABN), o Neuro 2022 tem como objetivo debater as técnicas e conhecimentos mais atuais, visando o futuro da especialidade.
Em formato híbrido, terá exposições de alguns dos principais neurologistas do país e internacionais versando sobre áreas de atuação como transtornos do movimento, epilepsia, sono e distúrbios cognitivos, além de oficinas especiais.
Enquanto setembro não chega, algumas lives e webinars vêm sendo promovidas nas redes sociais do Congresso. É o caso da live “Mulheres na Neurologia e Oficinas do Neuro 22”, transmitida pelo Instagram em 8 de março, Dia da mulher.
Com a participação das neurologistas Fernanda Maia, Lívia Dutra, Sheila Martins e Sônia Brucki, a transmissão analisou a participação das mulheres na neurologia do Brasil.
“Há distintas diferenças. Por exemplo, entre o número de homens e mulheres palestrantes em congressos e demais eventos, então sempre tem um número desproporcionalmente menor na participação delas. Outra discriminação diz respeito à diferença salarial, sendo de 20 a 30% menor que a de homens em mesmo cargo”, destaca Sônia Brucki, livre-docente em Neurologia na Faculdade de Medicina da USP.
Ela completa, apontando que existem bem menos mulheres do que homens em cargos de comando e chefia na medicina.
Sheila Martins, presidente na Organização Mundial de AVC (World Stroke Organization), reforça a desproporção, testemunhando que em suas diversas participações em congressos e eventos ao redor do mundo, é notória a discrepância de gêneros.
“Sempre vemos mais homens palestrantes do que mulheres, isso em eventos internacionais, em diversos países. Assim, fico ainda mais feliz de ter assumido a Organização Mundial de AVC, instituição reconhecida globalmente. Já há muitas mulheres trabalhando comigo em posições de destaque, todas competentes demais. Isso é o começo de uma mudança: é essencial mostrar que a mulher é capaz e é ótima em tudo que faz, tanto em administração quanto gerenciamento, serviços ou pesquisa”, destaca.
Em acordo com a Dra. Sônia e a Dra. Sheila, a neurologista Lívia Dutra, docente na Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein, aponta que as mulheres compõem a maioria dos estudantes de medicina atualmente.
“Esse fato reforça a necessidade de uma medicina mais inclusiva. Acredito que a situação já esteja mudando, mas é uma questão cultural contraproducente”, pondera ela, que completa contando que dados da literatura atestam que locais com maior diversidade e igualdade de gênero tomam decisões melhores e menos enviesadas.
“Mulheres em posições de liderança é bom para qualquer instituição. É essencial na tomada de decisão, pois proporciona diversos ângulos e formas variadas de ver os problemas. Minha visão sobre isso é que existem inúmeras causas para as mulheres não ascenderem do ponto de vista profissional, mas essa deve ser uma luta coletiva, pois as discussões dentro da academia, do congresso e dos hospitais serão cada vez melhores por proporcionar pluralidade de visões, evitando vieses cognitivos”