O número de mortes de brasileiros entre 20 e 59 anos por Acidente Vascular Cerebral (AVC), conhecido popularmente como derrame, vem aumentando proporcionalmente no país em relação ao total de óbitos por essa causa desde 2019.
Dados da Central Nacional de Informações do Registro Civil (CRC Nacional) consolidados pelo R7 mostram que essa faixa etária representava 17,2% dos óbitos por AVC em 2019, índice que subiu para 18,5% no ano passado e chega a 20% entre janeiro e outubro deste 2021.
O total de óbitos por acidente vascular cerebral no Brasil foi de 101.965, em 2019; 102.812, em 2020; e 84.426, de janeiro a 27 de outubro de 2021. Os idosos continuam a ser o grupo com maior prevalência.
Embora seja incomum em pessoas abaixo dos 40 anos, o AVC pode ter um efeito devastador na vida de um jovem, segundo a neurologista vascular Letícia Costa Rebello, membro da Academia Brasileira de Neurologia (ABN).
“O impacto do AVC é imensurável. Quando uma pessoa tem um AVC, ela não tem um AVC sozinha. Ela tem um AVC com a família, com os parentes mais próximos e, em um grau maior, com a sociedade. No momento em que a gente tem pessoas mais jovens, economicamente ativas, sendo acometidas por um AVC, elas podem não conseguir voltar ao trabalho, voltar com limitações, ou até provedores de famílias ficarem incapacitados.”
Um artigo publicado no ano passado na revista Stroke, da Associação Americana do Coração, alerta para estudos prévios que mostram que fatores de risco para sofrer um AVC, que antes eram mais frequentes em idosos, estão se tornando comuns entre adultos jovens.
São eles: hipertensão, diabetes, colesterol alto, tabagismo, obesidade, sedentarismo, arritmias cardíacas, abuso de álcool, drogas e/ou alguns medicamentos.
O derrame é a segunda principal causa de mortes no Brasil, apenas atrás do infarto. Essas duas condições compartilham os mesmos fatores de risco, salienta a médica. “A população jovem vem desenvolvendo pressão alta e diabetes mais cedo, mudanças de estilo de vida que aumentam o peso, sedentarismo…”, observa.
Ainda assim, a idade continua a ser um fator de risco determinante, acrescenta Letícia. “A partir da sexta década de vida, a incidência do AVC duplica a cada dez anos. É uma patologia que acomete muito mais o idoso.”
O AVC ocorre quando um vaso sanguíneo do cérebro é bloqueado por um coágulo (AVC isquêmico) ou se rompe (AVC hemorrágico). A área do cérebro onde ocorreu aquele evento vai ficar sem receber oxigênio e nutrientes que seriam levados pelo sangue. Em consequência, as células morrem, o que pode levar a danos temporários ou permanentes.
O AVC isquêmico é o mais frequente e corresponde a cerca de 85% de todos os casos. O AVC hemorrágico costuma ser mais fatal e representa em torno de 15% do total.
A neurologista ressalta que os sintomas são os mesmos (veja abaixo quais são) e que qualquer tratamento só deve ser feito em ambiente hospitalar após exames de imagem.
Os sinais de um AVC começam de uma hora para outra e podem ser sutis, mas exigem atenção. Segundo o Ministério da Saúde, o paciente pode apresentar:
• fraqueza ou formigamento na face, no braço ou na perna, especialmente em um lado do corpo;
• confusão mental;
• alteração da fala ou compreensão;
• alteração na visão (em um ou ambos os olhos);
• alteração do equilíbrio, coordenação, tontura ou alteração no andar;
• dor de cabeça súbita, intensa, sem causa aparente.
Cada minuto faz diferença no tratamento do derrame. É por isso que identificar os sintomas e levar a pessoa o mais rápido possível para o hospital é determinante, inclusive na extensão das sequelas.
Fonte – D24am