Este é o segundo de três artigos do periódico da ABN, publicados neste segundo semestre de 2023, que destacamos. Confira.

O comprometimento cognitivo pode ter um efeito profundo na independência e no bem-estar geral de um indivíduo. Para avaliar com precisão o declínio cognitivo, é essencial considerar tanto a perspectiva do paciente quanto as informações fornecidas por cuidadores e informantes.

A detecção precoce do comprometimento cognitivo frequentemente se inicia pela avaliação da habilidade do indivíduo em desempenhar tarefas do dia a dia. Por conseguinte, identificar a presença precoce de questões cognitivas é de suma importância para preservar a qualidade de vida, aliviar a carga sobre os cuidadores e administrar os encargos financeiros relacionados.

Estudo realizado em colaboração com pesquisadores do Instituto Nacional de Ciencias Médicas y Nutrición Salvador Zubirán (México), da Universidad Nacional Autónoma de México (México) e da Harvard Medical School (Estados Unidos) teve como objetivo estabelecer a adaptação transcultural, a validade e a confiabilidade da versão mexicana da escala Cognição Cotidiana (M-ECog) em participantes com comprometimento cognitivo leve, declínio cognitivo subjetivo e demência, provenientes de uma clínica de memória.

A escala Cognição Cotidiana (ECog) foi desenvolvida no Canadá em 2008, em resposta a algumas das limitações dos instrumentos de triagem cognitiva existentes, uma vez que muitos dos questionários não incluem informações dos informantes. ECog possui duas versões, uma para autoavaliação do paciente e outra para a avaliação do paciente pelo informante.

O estudo de validação para o M-ECog incluiu 200 participantes e seus respectivos informantes, com pacientes divididos em quatro grupos: cognitivamente saudáveis, com comprometimento cognitivo leve, declínio cognitivo subjetivo e demência.

Os pontos fortes desse estudo são:

• A escala foi adaptada para a população mexicana, tornando-a adequada para países de língua espanhola;
• O M-ECog é sensível e específico para discriminar comprometimento cognitivo desde estágios iniciais, como comprometimento cognitivo leve e declínio cognitivo subjetivo, até estágios avançados, como demência;
• A escala é autoadministrada, tanto pelos pacientes quanto por seus informantes, eliminando a necessidade de treinamento extensivo.

O estudo constatou que a escala M-ECog é uma ferramenta válida e confiável na avaliação do comprometimento cognitivo em adultos mais velhos no México e pode se mostrar fundamental na intervenção precoce, melhorando, assim, a qualidade de vida geral daqueles afetados por questões cognitivas.

REFERÊNCIA

Aguilar-Navarro SG, et al. Cross-cultural adaptation of the everyday cognition scale (M-ECog) in older Mexican adults with cognitive impairment. Dement. Neuropsychol. 2023;17:e20230011. DOI: https://doi.org/10.1590/1980-5764-DN-2023-0011