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Disfunção familiar e declínio cognitivo no envelhecimento

Este é o primeiro de três artigos do periódico da ABN, publicados neste segundo semestre de 2023, que destacamos. Confira.

A convivência familiar desempenha um papel fundamental no bem-estar e na qualidade de vida dos indivíduos mais velhos. A disfunção familiar, ou seja, a incapacidade de uma família em cumprir suas funções essenciais, ao mesmo tempo que responde adequadamente a desafios e oportunidades no seu contexto social, está associada a consequências negativas para os idosos, incluindo declínios na independência, autonomia e na saúde cognitiva.

Diego Ferreira Silva e colaboradores da Universidade de São Paulo e da University of Iowa realizaram um estudo que teve como objetivo verificar se a disfunção familiar é um fator preditivo de declínio cognitivo no envelhecimento.

O estudo secundário analisou dados provenientes do estudo longitudinal de base populacional “Saúde, Bem-estar e Envelhecimento” (SABE) envolvendo idosos brasileiros. Foram analisados dados de 791 idosos de duas coortes do estudo SABE no período entre 2006 e2015. A disfunção familiar foi avaliada pelo instrumento Apgar familiar, ao passo que o desempenho cognitivo foi avaliado pelo Miniexame do Estado Mental (MEEM), fluência verbal (animais) e extensão de dígitos na ordem inversa. O declínio cognitivo foi medido pela diferença dos escores entre 2006 e 2015.

Aproximadamente 10% dos idosos enfrentam problemas familiares disfuncionais,sendo mais comuns em homens, sujeitos a maus-tratos, que vivem sozinhos, dependentes para atividades diárias, com dor, autoavaliação de saúde ruim, histórico de quedas e osteoporose. A desregulação emocional devido a tensões familiares estressantes e isolamento é um fator significativo associado à disfunção familiar, afetando negativamente a saúde cognitiva. Interações sociais promovem o envelhecimento ativo e o bem-estar mental, ao contrário do isolamento social, que pode aumentar o risco de declínio cognitivo.

O estudo não encontrou uma associação significativa entre o funcionamento familiar (medido pelo escore Family Apgar) e o declínio cognitivo, mas fornece informações valiosas sobre a necessidade de pesquisas adicionais para entender a relação intrincada entre o funcionamento familiar e a saúde cognitiva em idosos.

REFERÊNCIA

Silva DF, Souza-Talarico JN, Santos JLF, Duarte YAO. Family dysfunction and cognitive decline in aging: the “Health, Wellbeing, and Aging” (SABE) longitudinal population-based study. Dement. Neuropsychol. 2023;17:e20220109. DOI: https://doi.org/10.1590/1980-5764-DN-2022-0109.

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