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Francisco Cardoso: balanço na gestão da MDS

Ex-presidente da International Parkinson and Movement Disorder Society (MDS), Francisco Cardoso foi o primeiro brasileiro a comandar a sociedade internacional, de 2021 a 2023. O professor titular do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG se destaca pelo papel clínico e por suas contribuições com a Neurologia no país, em especial com a área de transtornos do movimento.

Em entrevista exclusiva, ele fala ao ABNews sobre os legados de sua gestão, os congressos organizados pela MDS e muito mais. Confira a seguir.

Seu mandato na International Parkinson and Movement Disorder Society terminou em setembro. Como você avalia a gestão? Quais sementes foram plantadas?

Em primeiro lugar, convém explicar como funciona o sistema administrativo da MDS. A gestão efetiva de cada presidente dura dois anos, mas o mandato ainda inclui outros dois, antes, como presidente eleito, e mais dois, depois, como ex-presidente. Portanto, são seis anos de interação, participando da Diretoria de maneira intensa. Nos dois anos que cumpri como presidente eleito, me preparei para o que viria, e agora, como ex-presidente, continuarei integrando a Diretoria, embora não tão atuante quanto antes.

Quanto à avaliação da gestão, lembro que quando eu assumi, a sociedade vivia ainda os impactos mais imediatos da pandemia de Covid-19. Foi algo que também modificou por completo o funcionamento da MDS. Por isso, propus algumas metas.

A primeira era retomar as atividades presenciais, propósito árduo que alcançamos um ano atrás. Árduo porque o desejo da maior parte da Diretoria e do Conselho Deliberativo era, a princípio, manter o bem-sucedido formato on-line, e porque seria difícil colocar em prática a retomada, no curto período de oito meses, considerando que costumamos organizar o congresso com dois ou mais anos de antecedência. Sendo assim, fico satisfeito com nossa conquista em 2022. O congresso internacional de Madri foi um sucesso grande, tivemos de recusar inúmeros interessados, dada à capacidade limite do centro de convenções.

À medida que organizávamos o congresso, uma pergunta ecoava: deveríamos voltar ao antigo modelo, exclusivamente presencial, ou tentar um modelo diferente? Foi quando pensamos em algo novo, com um contingente volumoso de atividades presenciais e um número equivalente ou até mesmo maior de ofertas on-line. Isso impactou a quantidade de pessoas alcançadas. Afinal, sabemos que uma série de razões impede que todos viajem ao evento. Há questões econômicas e diplomáticas, por exemplo. Não é simples obter o visto para entrar na Europa; há casos de pessoas financeiramente capazes que têm seus vistos recusados.

O segundo feito que destaco na minha gestão foi o estabelecimento e o amadurecimento desse modelo que não é exatamente híbrido – pois hibridez pressupõe simultaneidade -, mas duplo, com determinadas atividades presenciais e outras remotas.

Além disso, à frente da administração, posso dizer ainda que me orgulho da ênfase dada em cuidado clínico. Meu lema ao assumir a presidência, a propósito, foi “de volta ao básico, cuidado clínico”. Para nós, no Brasil, a fala pode parecer redundante, uma vez que todos os membros da Academia são clínicos, mas uma ameaça paira sobre a Neurologia e sobre toda a medicina, de modo geral: estamos sucumbindo à dependência dos exames complementares, aos algoritmos, e isso prejudica médicos e pacientes. Todas as atividades oferecidas ao longo dos meus dois anos como presidente efetivo foram pautadas nesse lema. Não queremos negligenciar os exames ou a inteligência artificial; buscamos colocá-los a serviço do cuidado clínico. Recebi e ainda recebo cumprimentos, pela internet, cumprimentos de profissionais de várias partes do mundo, que expressam satisfação com esse tipo de abordagem.

Outro objetivo meu foi fazer com a MDS refletisse a diversidade do mundo. Ao fim do congresso em Copenhague, um colega da África do Sul me disse, brincalhão, que eu merecia o prêmio de obstetra do ano, por ter conseguido realizar um trabalho de parto de todas as faces do planeta. No evento, havia brancos, negros, amarelos, e ao contrário do que se vê na maior parte dos congressos médicos, as mulheres representaram quase 50% dos palestrantes. Deixei a MDS um pouco mais “abrasileirada”, plural.

Como foi o congresso deste ano em termos de audiência?

Em 2023, ficamos surpresos por algunsmotivos. Um deles é a época do ano: aqui na Europa ainda é pleno verão, com muita gente de férias, passeando. Imaginávamos que muitos participantes não poderiam comparecer, até porque os países da Escandinávia, região em que a Dinamarca está localizada, são caros. Entra aí a questão econômica. Menos de 5.000 congressistas eram esperados, mas alcançamos 5200 participantes de mais de 100 países.

Leia a entrevista completa na edição Set/Out 2023 do ABNews. Acesse abneuro.org.br/area-restrita/publicacoes/abnews/.

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