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Estudantes, uni-vos!

Associações civis e científicas sem fins lucrativos, estruturadas por estudantes, professores e profissionais que compartilham um interesse acadêmico em comum. Assim são usualmente definidas as ligas acadêmicas, conhecidas por graduandos de instituições públicas e privadas das mais diversas áreas, mas em especial pelos da saúde.

A primeira a surgir em território brasileiro, a propósito, foi a Liga de Combate à Sífilis, pertencente ao Centro Acadêmico Oswaldo Cruz da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). O ano era 1920. Mais de um século depois, é possível atestar que as entidades, proporcionando o aprofundamento teórico-prático do conteúdo visto em sala de aula desde os primeiros anos da graduação, se tornaram indispensáveis para a boa formação dos médicos.

“Despertar o interesse do futuro profissional por um determinado campo é o grande objetivo”, afirma Eduardo Uchôa, coordenador do Departamento de Ligas Acadêmicas da ABN. “Isso não implica, é claro, uma especialização precoce, mas possibilita um contato mais próximo com aqueles temas”.

“Ainda que o ligante não siga carreira naquela especialidade, como aconteceu a alguns dos meus colegas de curso, que migraram para a Cardiologia, Reumatologia, Cirurgia, ele acaba desenvolvendo uma relação mais profunda com a Neurologia, e isso pode sempre ser aproveitado. O contato entre as áreas é importante, expande o olhar do médico.”

Presidente da Associação Brasileira das Ligas Acadêmicas de Neurologia (ABLAN), filiada à ABN, e representante da regional Nordeste do Departamento de Ligas Acadêmicas da ABN, Renata Moraes destaca que o alunado que as integra tem acesso a estágios voltados para suas especialidades de interesse, grupos de estudo e de pesquisa e inúmeros eventos.

“Mesmo quem não participa de maneira imediata de uma liga se beneficia dos encontros que ela organiza: congressos, simpósios, fóruns, conferências, palestras e vários outros. Os ligantes são bastante ativos”, comenta.

“No Distrito Federal, onde atuo, a experiência tem sido positiva”, complementa o dr. Eduardo. “São articulados sucessivos encontros, verdadeiras oportunidades de aprimoramento.”

Ele explica que membros titulares da Academia, neurologistas e graduandos hoje compõem o Departamento de Ligas Acadêmicas da ABN, com representação bilateral. A partir dessa troca, já foram realizados, por exemplo, webinars voltados para demandas da formação dos estudantes.

“Houve um evento sobre vertigem, um sobre exames de doenças neuromusculares, e constam no planejamento do segundo semestre atividades focadas em enfermidades como a hanseníase. Também são desenvolvidos projetos em parceria com os estudantes, a fim de sugerir melhorias no material didático de semiologia e nos conteúdos pedagógicos nacionais em geral.”

ESTRUTURA

As ligas gozam de autonomia e se estruturam de forma autônoma, cada uma com estatuto e organização interna próprios. Além do corpo de estudantes, há a diretoria, composta essencialmente por presidente, vice-presidente, diretor financeiro, diretor acadêmico e diretor científico, e um orientador, com quem se estabelece um diálogo mais direto.

“Muitas vezes, os estágios que conseguimos são nos locais de trabalho desse orientador. Lá, conhecemos outros profissionais e podemos criar uma rede de contatos”, conta Renata. Ela frisa que contatos, aliás, não faltam a quem faz parte das entidades. “Na ABLAN, que é a junção das ligas de Neurologia de todo o Brasil, percebemos como somos fortes e plurais, com gente de todos os cantos do país interagindo, multiplicando conhecimento e oportunidades.”

São três as principais frentes de atuação das ligas: estágio, extensão e atividades teóricas. Para o dr. Eduardo, é crucial construir pontes entre a academia e a comunidade. Em contato com a população fora das faculdades e universidades, as associações promovem o acesso a informações sobre AVC, Doença de Parkinson, Mal de Alzheimer e demais doenças neurológicas. “É um jeito de devolver à sociedade o que ela nos dá.”

DESAFIOS

Renata pontua que convidar novos estudantes para as ligas pode ser uma tarefa hercúlea. Ela chama de “neurofobia” a aversão de muitos à especialidade. “Dizem que não querem passar nem perto, que é uma área difícil demais, apartada do restante. Para contornar esse medo inicial, criamos postagens chamativas no Instagram, nosso perfil é bem ativo.”

“Outras estratégias são investir no estreitamento de laços entre as ligas de Neurologia de todo o país e organizar eventos. Os alunos frequentam, nem que seja apenas pelas horas complementares, e terminam encantados, com vontade de se aprofundar. Quando menos esperam, se tornam ligantes. São fisgados”, ri.

Conseguir estágios para os estudantes também tem sido desafiador. Renata alega que antes era mais fácil inseri-los em hospitais, principalmente públicos. “As instituições estão se fechando. É uma burocracia imensa, há pessoas que desistem, mas estamos lutando contra isso”, defende, firme.

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