24 de junho é o Dia Mundial da Prevenção de Quedas. O objetivo da data, criada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e incorporada ao Calendário da Saúde do Ministério da Saúde (MS), é alertar pessoas de todas as idades, especialmente os idosos, sobre os riscos de quedas, suas consequências e formas de evitá-las. Trabalhando em prol da atualização constante dos neurologistas e do repasse de informações científicas de qualidade ao grande público, a Academia Brasileira de Neurologia promoverá uma série de ações ao longo do mês para jogar mais luz sobre o tema.
Saulo Nardy Nader, coordenador do Departamento Científico de Distúrbios Vestibulares e do Equilíbrio da ABN, explica que o DC, em 2023, abraçou duas datas importantes relacionadas a vertigem e desequilíbrio – além do Dia Mundial de Prevenção de Quedas, o Dia Nacional da Tontura, em 22 de abril, também contou com atividades que conscientizaram médicos e população.
“É um assunto que deve ser discutido, e as efemérides nos ajudam a reservar momentos para isso. Estamos preparando um material de orientação voltado para leigos e outro com foco nos profissionais da saúde. Haverá ainda um webinar bastante especial, aberto a médicos e demais profissionais da área. Abordaremos a parte da semiologia do desequilíbrio, as questões cognitivas envolvidas nas quedas e as questões extrapiramidais associadas a elas”, adianta Saulo.
Idosos são grupo de risco
O Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (INTO) estima que 40% dos idosos com 80 anos ou mais, faixa etária em que é mais acentuada a perda de mobilidade, sofrem quedas todos os anos. Entre aqueles que vivem em instituições de longa permanência, como asilos e casas de repouso, o percentual chega a 50%.
“Pessoas mais velhas costumam cair com maior frequência, o que agiganta os desafios em países como o Brasil, cuja população vem envelhecendo década a década”, alerta o neurologista. “Exemplos de condições clínicas que favorecem as quedas são os problemas ortopédicos, em especial no joelho; a obesidade; o sedentarismo; as doenças neurológicas, como o Parkinson e o Alzheimer, que em fases mais avançadas compromete a capacidade de equilíbrio, de deambulação; as doenças neurológicas cerebelares, neurodegenerativas, como a Atrofia de Múltiplos Sistemas e a Paralisia Supranuclear Progressiva; e vários outros.”
Ao listar as consequências das quedas, Saulo cita as graves fraturas de braços e pernas, que podem levar a complicações outras, como tromboses. “Já os casos de pancada na cabeça podem resultar em traumatismos cranioencefálicos, que desencadeiam sangramentos, hemorragias subaracnóides, hematomas extradurais ou subdurais. Nos piores cenários, o indivíduo fica com sequelas ou até mesmo vem a óbito.”
Diálogo entre especialistas
Neurologistas, geriatras, clínicos gerais, ortopedistas, fisioterapeutas. Saulo pontua que todos os profissionais envolvidos na prevenção e no tratamento das enfermidades ligadas a quedas são essenciais. “Trata-se de uma interface.”
Em abril, quando o DC abordou a tontura, que também faz cair, o médico aproveitou para frisar que o tratamento envolve os colegas otorrinolaringologistas. “Como ela pode derivar não apenas de lesões na cabeça, tais quais concussões, contusões ou lesões cerebrais traumáticas, mas ainda de problemas do ouvido interno, como VPPB ou doença de Ménière, o apoio dos outros especialistas faz toda a diferença.”
Prevenção
“Mais do que nunca, precisamos falar sobre sedentarismo. Com a falta de exercícios, o consequente baixo preparo muscular e o excesso de peso mudando o centro de gravidade do corpo, as quedas são favorecidas. Uma das melhores medidas de prevenção, portanto, é a prática regular de atividades físicas.”
Outras, de acordo com Saulo, consistem em manter a residência bem iluminada durante a noite, para que diminuam as chances de tropeçar nos móveis; evitar mobília muito baixa, pois dificulta o erguimento dos idosos; não calçar chinelos, dando preferência a sapatos fechados, bem ancorados nos pés; deixar o chão sempre seco e tomar cuidado com os tapetes – que, a depender do grau de mobilidade do indivíduo, não são recomendados; utilizar bengala, aplicar faixas antiderrapantes nas escadas e instalar barras de apoio pela casa, se assim for indicado por fisioterapeuta ou fisiatra.
“O material que estamos preparando trará mais dicas para o dia a dia das pessoas. Estamos ansiosos para lançá-lo.”