A Academia Brasileira de Neurologia cumprimenta as especialistas associadas, todas as demais médicas e nossas pacientes por mais esse 8 de março de luta, destacado ao redor do globo como o Dia Internacional da Mulher. Tenham-nos como aliados na batalha permanente para a construção de uma sociedade justa, com iguais oportunidades, remuneração e respeito entre gêneros.
Em homenagem às mulheres e às suas conquistas, resiliência e resistência, recorremos à literatura para um exercício de reflexão.
Há cerca de um século, mais exatamente em 1929, a escritora britânica Virginia Woolf convidou os leitores do ensaio “Um teto todo seu” a criarem em suas mentes uma irmã gêmea para William Shakespeare.
Judith, essa mulher imaginária, seria tão talentosa quanto o genial irmão – ou até mesmo mais. Ainda assim, não receberia a mesma educação de Shakespeare. Não teria as mesmas oportunidades nem poderia sonhar os mesmos sonhos.
Numa época em que a sina feminina se resumia à obediência, casamentos arranjados, maternidade e trabalho doméstico, ela certamente jamais daria asas a seus dotes artísticos e voaria para o sucesso.
Embora fictícia, criada apenas para Woolf abrir debate sobre a escassez de grandes autoras no mundo literário daqueles tempos, outras Judith existiram de verdade e foram podadas. Quantas potenciais cientistas, neurologistas e outras médicas em potencial não foram cerceadas pelo preconceito e por convenções sociais? Quanto o mundo perdeu em contribuição, sabedoria e avanços?
Neste 8 de março, olhando para o passado, vemos o quanto caminhamos graças à força, à persistência e à postura guerreira das mulheres de todo o planeta. Na Academia Brasileira de Neurologia, elas são nosso presente e futuro. Médicas, cientistas, professoras, pesquisadoras, residentes, acadêmicas, estão em todas as áreas. Elas manifestam-se firmemente em nossa Comissão Mulheres na Neurologia, cobrando por mais espaço.
Às mulheres um mundo sem amarras e de possibilidades infinitas. Que todos os dias sejam delas, com justiça e dignidade.