Notícias

Você está aqui:

Novo consenso sobre Demência

O Consenso Brasileiro de Demências é uma iniciativa do Departamento de Neurologia Cognitiva e do Envelhecimento da Academia Brasileira de Neurologia (ABN). Visa a sistematizar diretrizes que auxiliam no diagnóstico e tratamento, principalmente no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).

Participaram da elaboração diversos estudiosos e especialistas em Neurologia Cognitiva, incluindo, além de neurologistas, psiquiatras, geriatras, fonoaudiólogos e demais profissionais que trabalham com pesquisa e assistência.

“Organizamos orientações levando em conta os diversos níveis de atenção do SUS. Primário, secundário e terciário. Ao todo, são sete artigos que abordam o diagnóstico de demência, de comprometimento cognitivo leve e de declínio cognitivo subjetivo, assim como as principais manifestações e as indicações de tratamento em casos iniciais e graves”, conta Jerusa Smid, secretária geral da ABN, especialista em Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Divisão de Clínica Neurológica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Ela destaca, ainda, a relevância do projeto para a atualização da especialidade e da medicina. “É um documento de maior relevância, inclusive considerando que o anterior foi publicado em 2011. Desde lá, novas tecnologias e procedimentos surgiram, então é uma forma de unificar e estabelecer as condutas mais eficazes e recentes para os médicos que cuidam de pacientes com demência”.

ORIENTAÇÃO

São tratados pontos absolutamente fundamentais desde o diagnóstico clínico das demências até subtipos e orientações para tratamento.

“Neste trabalho, então, fizemos recomendações do que pode ser feito em cada um dos níveis da função. O material elenca os principais testes, condutas, sugestões de exames neurológicos e exames físicos para cada caso”, conta Lucas Schilling, neurologista e professor da Escola de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. “A meta é que o médico seja capaz de determinar um diagnóstico com qualidade e clareza, seguindo as diretrizes propostas neste Consenso”.

A orientação de acordo com níveis de atenção é um dos destaques do projeto. Isso porque documentos semelhantes publicados anteriormente partem do pressuposto de que todos os profissionais que atendem pacientes com alterações cognitivas dispõem da mesma estrutura e realidade.

“Na prática, sabemos que essa conjuntura não se aplica à realidade do Brasil. Vemos distintos cenários entre a atenção básica, secundária e terciária, então é essencial ter olhar individualizado para cada contexto”, esclarece Lucas.

Para Breno Barbosa, especialista em Neurologia Cognitiva e do Comportamento e professor adjunto da Universidade Federal de Pernambuco, o consenso tem a missão de definir abordagens práticas e viáveis para os diferentes níveis.

“Pensando em diagnóstico, desde a atenção primária existem ferramentas de mais fácil acesso, como os exames laboratoriais, a tomografia de crânio e alguns testes de rastreio cognitivos e de funcionalidade, que podem ser aplicados por profissionais generalistas”, exemplifica. “Já no nível secundário, podemos recorrer a métodos diagnósticos mais elaborados, como a ressonância magnética, estudo do LCR e outros biomarcadores; por fim, em nível terciário, alguns centros especializados em demência dispõem de métodos mais refinados de neuroimagem avançada como o PET cerebral, biomarcadores avançados e pesquisas genéticas”.

CATEGORIZAÇÃO

O consenso permeia vários tipos de demência. Há espaço dedicado para a discussão da doença de Alzheimer, demência frontotemporal (DFT), demência vascular e demências com Parkinsonismo. Traz também artigos exclusivos sobre tratamento das demências e cuidados em fase avançada.

“São apresentadas orientações de qualidade sobre quais remédios podem ser utilizados em cada fase da doença e sobre os tratamentos não farmacológicos, como as terapias de reabilitação com psicólogo ou terapeuta ocupacional, fonoaudiologia, atividade física, musicoterapia e mais”, compartilha.

Especificamente quando ao manejo da demência em fase avançada, o foco está em orientações que priorizam o conforto e qualidade de vida do paciente em situação de completa dependência de terceiros para cuidados e a execução de atividades básicas do dia a dia.

“O Consenso de Demências é fruto de muito estudo e de uma profunda discussão de especialistas de diversas áreas, designados pelo Departamento Científico de Neurologia Cognitiva e do Envelhecimento da ABN. Contamos com um grupo de ampla representação nacional. Foram quase dois anos de trabalho intenso. É um projeto de natureza plural e que oferece orientação a todos os profissionais de saúde que lidam com com a população idosa”, ressalta Breno Barbosa.

Entre em contato
LGPD
Cadastro

Cadastre-se e fique por dentro das novidades e eventos da ABNeuro

Este site é protegido pelo reCAPTCHA e pelo Google
Política de Privacidade  e aplicam-se os  Termos de Serviço.