Em décadas recentes, o número de médicos no Brasil cresceu proporcionalmente cinco vezes mais que o da população. Em 1970, o somávamos 42.718 médicos e uma população de 94,5 milhões. Em 2022, somos mais de 500 mil médicos para cerca de 215 milhões de habitantes.
Há trinta anos, segundo o estudo demográfico do Conselho Federal de Medicina (CFM), tínhamos 30,8% de mulheres médicas. Já em 2020, elas eram 46,6%, com tendência de alta.
Daí, nesse 18 de outubro, Dia do Médico, eu parabenizar a todos os nossos colegas que se doam diariamente a garantir mais saúde aos cidadãos, mas fazer destaques às mulheres médicas e às gerações que nos sucederão.
Nós, os médicos de forma geral, somos merecedores de reconhecimento. Enfrentamos toda a sorte de adversidades, inclusive as do sistema que tornam nosso ofício um desafio, para dizer o mínimo.
Nossas médicas, especificamente, estão de parabéns por se imporem com competência e brilhantismo, aliás, como ocorre com as mulheres em todos os segmentos sociais. Por sua vez, acadêmicos e residentes são o nosso futuro. Assim, desde agora, expresso gratidão a eles.
O fato preocupante, por outro lado, é que nossas colegas seguem discriminadas em diversos aspectos, entre as quais pela diferença salarial. Um grupo de mulheres especialistas da Academia Brasileira de Neurologia (ABN) mencionava recentemente em uma live que a remuneração delas chega a ser de 20 a 30% menor do que a de homens ocupando o mesmo cargo. Isso ocorre em regra em toda a medicina.
Tais dados refletem a urgência de se buscar ininterruptamente igualdade de gênero na neurologia e na sociedade em geral. Essa luta não cabe só a elas e sim a todos que fazem parte da comunidade médica pois, afinal, é sempre válido lembrar que, quanto maior pluralidade de vivências e ideias em um local, melhores resultados serão obtidos.
A ABN mantém semelhante olhar cuidadoso aos jovens. Periodicamente, promovemos ações de ensino continuado exclusivas a residentes e/ou acadêmicos. O mais valioso benefício que podemos oferecer para eles é compartilhar conhecimentos, incentivá-lo ao desenvolvimento permanente, estimulá-lo à pesquisa, à participação associativa e a se envolver na garantia dos direitos que lhe cabem por meio da defesa profissional.
Mirando o futuro, vemos surgirem novos neurologistas por todo o território nacional para assistir aos brasileiros. E aqui um justo reconhecimento à competentíssima atuação do Departamento de Ligas Acadêmicas de Neurologia e seu órgão afiliado, à Associação das Ligas Acadêmicas de Neurologia, ABLAN.
Registro complementarmente, por importante, que tivemos, em dias recentes, uma grande confraternização com todos esses colegas em nosso Congresso Brasileiro de Neurologia, realizado de 21 a 24 de setembro de 2022, em Fortaleza, Ceará.
Após dois anos de eventos somente em plataformas digitais, devido à pandemia de Covid-19, o público foi expressivo e todos estavam esfuziantes com a oportunidade de troca de conhecimento cara a cara, além do convívio com os pares.
Ser médico é isso: ter compromisso com a qualificação, com a assistência e ter sempre o coração batendo forte estar e cuidar de gente. Parabéns a todos.
Carlos Roberto Rieder, presidente da Academia Brasileira de Neurologia