Desde jovem, Sérgio Monteiro de Almeida viveu em um ambiente permeado pelas artes, incentivado pela família. No início do curso de medicina, começou a participar de salões e exposições de forma rotineira e, logo nas primeiras inscrições, teve seus trabalhos premiados, o que foi um grande estímulo. Dessa forma, aprendeu a conciliar ambas as atividades simultaneamente: arte e medicina.
“Em todos os lugares em que vivi para fazer pós-graduação e pós-doutorado, ou estive como pesquisador visitante, sempre estive presente por inteiro e minha produção artística e poética se enriqueceu muito com essas experiências”, conta.
O ARTISTA
Artista plástico e poeta experimental, Sérgio iniciou seus trabalhos mais sérios ao ingressar no movimento artístico do Paraná, onde fez várias exposições e recebeu prêmios nacionais e internacionais.
Teve poesias publicadas em inúmeras antologias e revistas especializadas; também participou de exposições de poesia visual por todos os cantos do mundo. Suas obras já estiveram pelo México, Estados Unidos, Portugal, Alemanha e muitos outros países do globo. Publicou, em 2007, o livro do artista Sérgio Monteiro de Almeida, um panorama sobre seu trabalho como artista e poeta.
“Sempre me interessei pela arte experimental, principalmente na intersecção de linguagens e mídias. Neste contexto, me envolvi com o circuito internacional de Arte Postal, o que me permitiu ter contato com a arte conceitual e poesia visual internacional “. relata Sérgio.
A ARTE
A poesia visual é uma categoria da poesia experimental que utiliza várias formas de expressão, como a distribuição de palavras na página de maneira não linear, o letrismo, a caligrafia e a exploração da palavra como símbolo visual, distinto do seu significado original, com o intuito de incrementar as características semióticas e linguísticas; ou mesmo a utilização de símbolos não verbais.
“A ideia é ampliar as possibilidades de comunicação e de interpretações. Alterar a imagem gráfica da palavra (imagem sensorial) para chegar a outros ou múltiplos significados, algumas vezes transformando uma linguagem verbal e não verbal”, explica.
Também são utilizadas marcas comerciais, de comunicação de massa ou a exploração e mistura de múltiplos idiomas. Além de permear as variadas possibilidades da literatura impressa, a poesia visual também explora poemas–objetos, poesia cinética, performances, vídeos, instalações, projeções, intervenções urbanas e poesia na rede de internet (WEB).
ARTE X MEDICINA
Embora suas inspirações sejam diversas e não haja uma influência direta da medicina em suas obras, o poeta conta que em alguns pontos seus conhecimentos e vivências se cruzam. “No poema visual “Pensamento Cerceado”, eu me aproprio de um traçado de Eletroencefalografia (EEG). Eu uso o EEG pelo aspecto gráfico e como metáfora do pensamento”, conta Sérgio. O poema pertence à sua série “Cortes”, que iniciou na década de 90 e reúne poesias políticas.
“Já no poema “AR— DOR” (2020), que criei logo no início da pandemia por SARS-CoV-2, o AR leva à DOR e, em alguns casos, à morte. Existem outras possibilidades de interpretação, como a possibilidade de gerar ardor, que pode ser febre ou paixão” finaliza o Neurologista.
CARREIRA NA MEDICINA
Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal do Paraná (1987), mestrado em Medicina (Neurologia) pela Universidade Federal de São Paulo (1992) e doutorado em Microbiologia e Imunologia pela Universidade Federal de São Paulo (1998). Pós-doutorado em neuroimunologia no Queen Square Hospital (Londres), pós-doutorado em HIV no Sistema Nervoso no HIV Neurobehavioral research Center (Universidade da Califórnia, UCSD, San Diego, USA).
Atualmente é professor associado do Departamento de Patologia Médica do Curso de Medicina da UFPR e professor de Pós-graduação em Medicina Interna (UFPR), além de médico neurologista do Laboratório de Virologia e responsável pelo ambulatório de neuro infecção do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná.
Publicou centenas de artigos científicos em revistas nacionais e internacionais, principalmente nas áreas de neuroinfecção, líquido cefalorraquidiano e biomarcadores. Além disso, recebeu, em cinco edições da Conference on Retroviruses and Opportunistic Infections (CROI), o International Delegate Award.