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Cursos de especialização: sinal de alerta

É fato que, com a pandemia, os números de cursos e atividades on-line aumentaram em todas as áreas. De acordo com o recente Censo da Associação Brasileira de Educação a Distância, ABED, a procura nessa modalidade cresceu mais de 50% nos últimos dois anos.

Na medicina não é diferente. Hoje, em uma busca rápida na internet, é fácil encontrar as mais diversas especializações e até mesmo supostas pós-graduações realizadas em formato virtual. Entretanto, é importante ter cuidado ao optar por uma formação digital, pois várias são desatualizadas e sem chancela de instituições confiáveis.

“Há casos que até mesmo se propõem em substituir a residência médica”, alerta Adalberto Studart Neto, membro da ABN e neurologista no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. “Vemos divulgações nas redes sociais com promessas de especialização em nossa especialidade, a despeito da baixa carga horária e de serem exclusivamente teóricos, sem atividades práticas. Isso sugestiona a procura desses cursos como se fossem substitutos da residência”.

Em geral, esses cursos são oferecidos por instituições particulares e carecem de reconhecimento, conforme complementa Studart:

“Via de regra, as universidades tradicionais e renomadas oferecem a pós-graduação por meio da residência. É a única forma efetiva e legal de especialização para médicos”, destaca.

Os autodemoninados cursos de especialização não credenciam ao título de neurologista, inclusive por questões legais. A única forma de validar a especialização é por meio de um programa de residência ou com a aprovação na prova de título de especialista da ABN. Aliás, o título de especialista da ABN é um selo de credibilidade de que o médico está apto, acadêmica e cientificamente, para exercer a Neurologia. É conferido após avaliação específica e rigorosa, sendo anuído pela Associação Médica Brasileira, AMB. Garante o reconhecimento oficial na especialidade, consagrando a integração do médico como membro da Academia Brasileira de Neurologia.

“A maioria das pessoas que realizam tais cursos, não consegue alcançar nota satisfatória na prova de título. Dificilmente obtém sucesso, já que é realmente uma preparação básica e limitada”, pontua Studart.

A problemática está no fato de que muitos, mesmo sem serem neurologistas com formação adequada, se apresentam no mercado como se o fossem. Entretanto, legalmente, esses médicos não estão aptos para exercer a especialidade.

“O que alguns fazem é atender, sem se intitular neurologista. Ou seja, vendem algo como “sou médico com pós-graduação. Boa parte dos pacientes não sabe a diferença. Pensa tratar-se de profissional realmente habilitado”.

Qualificação

“A grande vantagem da residência é o aprendizado prático. O aluno terá uma carga horária de 60 horas semanais por 3 anos, no caso da Neurologia. Isso confere aprendizado prático e teórico aprofundado, que possibilitará bagagem indispensável para ser um bom profissional”, arrazoa Studart.

Existem até cursos e conteúdos técnicos que podem sim ajudar na atualização e no aprendizado, mas é preciso ter em mente que nunca irão substituir a residência médica. A recomendação é pesquisar qual instituição está promovendo as aulas mesmo no caso daqueles de caráter complementar.

“Se o conteúdo é produzido por pessoas com conhecimento técnico e científico, com reconhecimento, vale a pena assistir às aulas para se atualizar, aprender novas teorias e técnicas e até mesmo reciclar alguns conhecimentos. De qualquer maneira, é realmente essencial atentar para a credibilidade de quem está por trás para não correr riscos”

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